26 de abril de 2013



" Escrevia a vida. Escrevia sentimentos. Escrevia tudo o que lhe sufocava por dentro. Lá escrevia amores, escrevia acontecimentos, sorrisos, lágrimas, tudo. Escrevia dores e as vezes relia isso, ouvindo uma música triste. Escrevia sobre as pessoas que já foram embora. Escrevia por quem ficou de voltar. Escrevia a solidão, escrever tornava-se a sua companhia. Escrevia perdões que não tinha coragem para dar, promessas de melhorar, novas maneiras para tentar sorrir. Escrevia que tudo iria melhorar, mesmo não acreditando naquelas poucas frases que esse tema lhe rendia. Escrevia sobre a vida que queria. Escrevia o que ouvia, escrevia algumas mentiras. Escrevia ensaios de diálogos que nunca diria e escrevia coisas que nunca ouviria. Escrevia ”Te amo’s” como se algum dia os ouviria. Escrevia o amor que não tinha e a falta que isso lhe fazia. Escrevia algumas coisas que sabia, outras que inventava. Escrevia sobre um mundo de sonhos, que lhe era negado pela realidade. Escrevia toda a compreensão que tinha e a pouca que recebia. Escrevia o que gostava, deixando de fora o que não lhe agradava. Escrevia como seria se fosse bonita. Escrevia onde estava, escrevia para onde iria. Escrevia como era voar, mesmo que nunca tivesse voado. Escrevia como eram as emoções, sem conseguir fugir do vazio que sentia. Escrevia sobre amizades. Escrevia o que mudava com o passar dos anos e o que esperava dos novos anos que ainda viriam. Escrevia tudo que não vivia. Escrevia, sabendo que ninguém nunca leria. "

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